domingo, 29 de abril de 2012

Igrejas Históricas de Minas


 As igrejas históricas de Minas são obra de arte. Pertencem à cultura, independentemente da fé. Nelas lemos a história de toda uma geração que deixou escrita em pedra sua vida de piedade. Na historiografia moderna, estuda-se com gosto e interesse o cotidiano das pessoas. Nada melhor para entendê-lo que nos debruçar sobre as marcas que deixaram no papel e nas pedras. Assim através dos monumentos, das construções, dos anais, que elas deixaram, mergulhamos no dia-a-dia das pessoas daquele tempo.

As igrejas históricas de Minas revelam por sua arquitetura, pinturas, estatuária a vida religiosa de uma geração. Nelas rezaram tantas gerações de fiéis com imensa devoção. Os edifícios, as estátuas, as pinturas, as alfaias precisaram de tempo para ser feitas. Cada elemento da antigüidade carrega pequena história.

As crianças, que nasceram e vivem nessas cidades de tanto olhar o conjunto piedoso e harmonioso das igrejas, constroem o imaginário religioso de suas vidas. As figuras, cores, linhas dessas majestosas igrejas impressionam. Ter visto desde criança imagens esbanjando sofrimento ou simplesmente conhecer uma iconografia piedosa e dulcíflua não é a mesma coisa. As crianças arregalam os olhos, ao contemplarem o Senhor dos Passos com coroa de espinhos e cruz ou a Virgem dolorosa transfixada por espadas. Elas bebem desde pequenas a religiosidade, contemplando todo esse conjunto religioso. As Igrejas históricas são uma aula viva de piedade.

Além de ser pejadas de história, elas primam pela qualidade artística. Cresce assim o alcance educativo. Toda obra de arte cinzela os gostos das pessoas. Desbasta-lhes a rudeza e prepara-as para apreciar outras obras de arte. É o melhor remédio para a atual cultura da imagem televisiva de mau gosto. A vulgaridade visual triunfa por todas as partes e as crianças deformam-se com contínuas aulas de incultura. As igrejas históricas e artísticas, pelo contrário, desenvolvem -lhes o lado estético. O ser humano, enquanto criado pela beleza infinita de Deus, é dotado de uma tendência para a beleza que pode ser desenvolvida ou atrofiada ou mesmo deformada.

Velar com todo cuidado pelas obras de arte que possuímos é enorme contribuição para a cultura de nosso povo. Elas fazem parte de precioso patrimônio cultural. Os atos de vandalismo praticados contra elas nos empobrecem e nos degradam. Há perdas irreparáveis que nos custam caro.

As famílias e as escolas têm obrigação de educar as crianças para aprenderem a apreciar essas obras de arte e assim as conservar com capricho. Desde cedo, cabe fazer preleções de arte nas escolas para as crianças. Se não constam em muitos currículos, deveriam ser introduzidas pelo seu valor humanizante e cultural.

Mesmo sem ter a abundância de obras de artes comparáveis com os países mais antigos ou mais ricos que conseguiram à base de história ou de compra construir acervo invejável, Minas é uma das regiões do Brasil que conservou obras barrocas de alto valor. Esse conjunto não só alimenta a piedade popular como também atrai visitantes de muitas outras cidades do país e do estrangeiro. A cultura artística é universal. Basta ter sentido estético para apreciá-la.

Toca a nós, mineiros, em primeiro lugar, zelar pela conservação de nossa cultura artística. Não somos donos das obras de arte. Pertencem à humanidade. Somos seus guardiães. As gerações vindouras nos julgarão pelo cuidado que tivermos de conservá-las ou pela negligência de perdê-las. É um direito de todos que a beleza das igrejas históricas se perpetue para que outras gerações a contemplem.

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