As igrejas históricas de Minas
são obra de arte. Pertencem à cultura, independentemente da fé. Nelas lemos a
história de toda uma geração que deixou escrita em pedra sua vida de piedade.
Na historiografia moderna, estuda-se com gosto e interesse o cotidiano das
pessoas. Nada melhor para entendê-lo que nos debruçar sobre as marcas que
deixaram no papel e nas pedras. Assim através dos monumentos, das construções,
dos anais, que elas deixaram, mergulhamos no dia-a-dia das pessoas daquele
tempo.
As igrejas históricas de Minas
revelam por sua arquitetura, pinturas, estatuária a vida religiosa de uma
geração. Nelas rezaram tantas gerações de fiéis com imensa devoção. Os
edifícios, as estátuas, as pinturas, as alfaias precisaram de tempo para ser
feitas. Cada elemento da antigüidade carrega pequena história.
As crianças, que nasceram e vivem
nessas cidades de tanto olhar o conjunto piedoso e harmonioso das igrejas,
constroem o imaginário religioso de suas vidas. As figuras, cores, linhas
dessas majestosas igrejas impressionam. Ter visto desde criança imagens
esbanjando sofrimento ou simplesmente conhecer uma iconografia piedosa e
dulcíflua não é a mesma coisa. As crianças arregalam os olhos, ao contemplarem
o Senhor dos Passos com coroa de espinhos e cruz ou a Virgem dolorosa
transfixada por espadas. Elas bebem desde pequenas a religiosidade,
contemplando todo esse conjunto religioso. As Igrejas históricas são uma aula
viva de piedade.
Além de ser pejadas de história,
elas primam pela qualidade artística. Cresce assim o alcance educativo. Toda
obra de arte cinzela os gostos das pessoas. Desbasta-lhes a rudeza e prepara-as
para apreciar outras obras de arte. É o melhor remédio para a atual cultura da
imagem televisiva de mau gosto. A vulgaridade visual triunfa por todas as
partes e as crianças deformam-se com contínuas aulas de incultura. As igrejas
históricas e artísticas, pelo contrário, desenvolvem -lhes o lado estético. O
ser humano, enquanto criado pela beleza infinita de Deus, é dotado de uma
tendência para a beleza que pode ser desenvolvida ou atrofiada ou mesmo
deformada.
Velar com todo cuidado pelas
obras de arte que possuímos é enorme contribuição para a cultura de nosso povo.
Elas fazem parte de precioso patrimônio cultural. Os atos de vandalismo
praticados contra elas nos empobrecem e nos degradam. Há perdas irreparáveis
que nos custam caro.
As famílias e as escolas têm
obrigação de educar as crianças para aprenderem a apreciar essas obras de arte
e assim as conservar com capricho. Desde cedo, cabe fazer preleções de arte nas
escolas para as crianças. Se não constam em muitos currículos, deveriam ser
introduzidas pelo seu valor humanizante e cultural.
Mesmo sem ter a abundância de
obras de artes comparáveis com os países mais antigos ou mais ricos que
conseguiram à base de história ou de compra construir acervo invejável, Minas é
uma das regiões do Brasil que conservou obras barrocas de alto valor. Esse
conjunto não só alimenta a piedade popular como também atrai visitantes de
muitas outras cidades do país e do estrangeiro. A cultura artística é
universal. Basta ter sentido estético para apreciá-la.
Toca a nós, mineiros, em primeiro
lugar, zelar pela conservação de nossa cultura artística. Não somos donos das
obras de arte. Pertencem à humanidade. Somos seus guardiães. As gerações
vindouras nos julgarão pelo cuidado que tivermos de conservá-las ou pela
negligência de perdê-las. É um direito de todos que a beleza das igrejas
históricas se perpetue para que outras gerações a contemplem.
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